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Sobre Nina Santos

Nina Santos é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia – UFBa e aluna da especialização em Comunicação e Política desta mesma instituição. Formada em jornalismo, tem experiência em assessoria de comunicação política, tendo trabalhado nas eleições de 2010. É pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital e Governo Eletrônico (CEADD-UFBA) com trabalhos voltados para o poder do cidadão na internet e, sobretudo, nas redes sociais online

O orçamento participativo parisiense para 2016

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Começa amanhã o processo do orçamento participativo de Paris 2016. A iniciativa consiste de 4 etapas: proposição de projetos, ateliês de co-construção, consulta ao projeto e votação. E tudo isso dura 9 meses, ou seja, teremos o resultado final em setembro.

O orçamento participativo tem orçamento para todo seu período de aplicação, que é até 2020. No total são 500 milhões de euros. Esse valor equivale a 5% do orçamento de investimento total da cidade no período. Os critérios para propor um projeto são de que você more em Paris (ainda que não seja francês e sem exigência de idade) e que a sua proposta seja de um investimento e não de manutenção. As propostas podem ser feitas para o seu bairro ou para a cidade como um todo. E os orçamentos são separados: um para a cidade e um para cada bairro, de acordo com decisões da Prefeitura de quais são os bairros prioritários.

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As propostas são cadastradas online, discutidas em ateliês presenciais organizados por bairro. Depois a Prefeitura seleciona aqueles que serão submetidos ao voto da população, de acordo com 3 critérios: o interesse geral, as competências da Prefeitura de Paris e o tipo de uso do orçamento (se se trata realmente de investimento e não de funcionamento/manutenção).

Pelo que entendi, a iniciativa existe desde 2014 e está atingindo bons resultados. Para os interessantes há muitos números e relatórios de resultados online.

Movimento Beppe Grillo: experiência italiana de ativismo digital que chegou ao poder institucional

Hoje, no II Congresso Internacional sobre Net-Ativismo, o pesquisador Stefano Bory, da universidade Federico II di Napoli, falou sobre a experiência italiana do Movimento Beppe Grillo. O personagem que dá nome ao caso é um conhecido humorista político italiano que sofreu retaliações por fazer críticas à política italiana.

MoVimento

O movimento, que hoje tem 10 anos e conquistou 25% dos votos na última eleição (2013), começou com a criação da rede “Os amigos de Beppe Grillo”. Tratava-se de uma plataforma social, em que as pessoas se cadastram e identificam onde estão no território italiano. Essa relação com o território fez com que grupos regionais se mobilizassem e realizassem atividades e debates presenciais.

Bory relata que o marco do movimento ficou conhecido como “V Day” e aconteceu em 2008, na cidade de Bolonha. A grande participação no evento contou com cidadãos muito heterogêneos e enviou uma forte mensagem de insatisfação política. A partir desta demonstração de força, Grillo lança um referendo popular propondo mudanças no sistema político (como o limite de dois mandatos por pessoa). Ele consegue muito mais do que as 50 mil assinaturas que são exigidas pelo parlamento italiano nestes casos, entrega o projeto com as assinaturas, mas o governo nunca colocou a questão em pauta.

O movimento, que recusa a ideia de “democracia participativa” e defende a “cidadania ativa”, cria então um não-estatuto. Este documento afirma que o movimento tem como sede o blog de Beppe Grillo, ou seja uma plataforma digital. O movimento não se declara um partido político e recusa a participação a pessoas que já tenham experiência em política institucional. O compromisso assumido no documento é o de fazer uma política através das redes, dando à totalidade de usuários o poder da governança.

Em 2011 eles conseguem eleger o primeiro conselheiro municipal e se comportam como o “olho da cidadania” nos espaços políticos de tomada de decisão. Passam a disponibilizar publicamente informações antes restritas a ambientes políticos fechados. Eles não assumem o papel de representantes, mas sim de parte de uma rede. A cada tomada de decisão, eles voltam para a web para consultar as pessoas. Isso logo começa a ser um problema, pois é impossível de consultar a todo momento. Cria-se uma nova plataforma participativa para as eleições 2013 e o movimento obtém 25,5% dos assentos legislativos.

Para Bory, trata-se do exemplo mais concreto que temos hoje de um movimento que surgiu nas redes digitais e conseguiu ter amplo acesso aos espaços da política institucional. Ele alerta, no entanto, para as contradições que emergem deste processo. Primeiro a questão da figura do Beppe Grillo, que dá nome ao movimento e é dono do site onde ele está “sediado”, o que é uma contradição com o espírito horizontal e coletivo do movimento. Além disso, a promessa da participação de toda a rede em cada decisão se mostra impossível na prática, o que começa a gerar insatisfação nos membros. O movimento agora tenta desenvolver uma nova plataforma para facilitar esse compartilhamento das decisões.

Trata-se de um interessantíssimo caso de estudo, sobretudo porque outros países têm experiências parecidas, mas que podem tomar rumos diversos. Agora que exemplos concretos de movimentos desse tipo já podem ser analisados, talvez seja a hora de pensar nas consequências que isso tem para a democracia. Agora que o sonho da internet que facilita e amplia a participação parece estar se concretizando em alguns casos, temos uma democracia melhor?

O que é o “digital labor”?

O “digital labor” ou trabalho digital existe como domínio de estudo há mais de cinco anos e trata-se de uma crítica ao capitalismo digital. A grosso modo, o termo serve para designar as atividades digitais cotidianas pouco ou não remuneradas. O seminário “Estudar a cultura do digital” da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais se dedica a debater questões relacionadas a este tema, sob coordenação do professor Antonio Casilli.

Seminaire Antonio Casilli EHESS

Casilli explica que há dois grandes eixos de estudo neste domínio: os conteudos gerados pelos usuários e os metadados extraídos a partir da utilização dos ambientes virtuais. O professor defende que as ações de usuários no ambiente digital são comparáveis a um trabalho pois: produzem um determinado valor; estão submetidas a um contrato (que seriam as regras de uso); podem ser medidas em métricas de performance; e estão sujeitas a formas de indução (como alertas, convites e notificações).

O tema não é completamente novo e se alimenta em estudos que existem desde os anos 60 e tratam do “trabalho invisível” (invisible labor – como o das donas de casa, por exemplo), do “trabalho imaterial” (immaterial labor – sobretudo relacionado às indústrias culturais), do “trabalho da audiência” (audience labor – que permite por exemplo a venda de espaços publicitários de acordo com quantas pessoas vêem um determinado conteudo) e do “trabalho do consumidor” (consumer work – quando, por exemplo, o próprio consumidor passa suas mercadorias em um caixa automático do supermercado).

Sébastien Broca, que defendeu sua tese de doutorado sobre o tema, destaca que o digital labor não era tema presente no debate público na década de 90, mas que isso começou a mudar. Surgiram tanto movimentos sociais de oposição (como o movimento pelo acesso aberto e pelo software livre) como uma crítica universitária (com autores como Lessig, Benkler e Boyle). Broca destaca que em um momento posterior, mesmo os movimentos de contestação acabam sendo incorporados ao capitalismo e monetizados de alguma forma.

Casilli citou, como exemplo de oposição ao digital labor, o movimento “Europe versus Facebook” que reúne usuários da rede social que demandam maior transparência das redes digitais e um pagamento simbólico por suas ações na rede e pelos lucros que a empresa teve com isso.

Achei a abordagem bem interessante para discutir o que está por tras das ações que fazemos online, mas acredito que é preciso medir até onde essa crítica pode chegar de forma a não invalidar toda e qualquer ação digital. A internet foi criada com espírito libertário e apropriada por empresas capitalistas (afinal, vivemos em um mundo capitalista!). As ações feitas nesse ambiente são, então, amplamente revolucionárias ou simplemente submissas ao sistema?

Quem tiver interesse de ler mais sobre o tema, pode ver o livro:
Qu’est-ce que c’est le digital labor? – Casilli, A. et Cardon, D., 2015

Quais eram as perspectivas sobre as mídias sociais nas eleições de 2012?

Hoje, em uma pequena sessão nostalgia, relembrei uma entrevista que concedi para a TVT, em 2012. O tema era o uso das mídias sociais nas vindouras eleições municipais daquele ano. Muita coisa mudou, é verdade, mas algumas questões abordadas continuam atuais. Pensando que em 2016 teremos também eleições municipais e com chance de sérias modificações nas regras do jogo (principalmente o fim do financiamento empresarial), pode ser um bom momento para relembrar o contexto daquele ano e analisar perspectivas futuras.

Webcasts do Oxford Internet Institute

Oxford Internet Institute   Home

O Oxford Internet Institute é um dos centros de referência mundiais em estudos de internet hoje. Além das formações de longa duração (graduação, mestrado e doutorado), o centro também oferece um curso de verão para doutorandos, que pode ser interessante para estudantes em estágios avançados da pesquisa. Além disso, eles disponibilizam 525 webcasts, que podem ser acessados gratuitamente. São principalmente palestras ministradas por professores do centro em diversos temas relacionados à pesquisa sobre internet. É possível buscar por palavras-chave e selecionar o conteudo mais interessante à sua pesquisa.

Helen Margetts é uma das professoras do centro e, neste webcast, ela fala sobre as ações de participação online. Ela destaca que sempre falamos dos casos de sucesso (petições com muitas assinaturas, mobilizações que levam milhões às ruas), mas que é preciso perceber que para cada caso de sucesso ha centenas de tentativas mal sucedidas. A pesquisadora também fala sobre a volatilidade de alguns movimentos surgidos online e a dificuldade de autoridades em lidarem com eles, já que as formas de liderança estabelecidas costumam ser mais descentralizadas que nos movimentos sociais tradicionais. Por fim, ela destaca o valor que os traços digitais podem ter para permitir pesquisas nesta área. Não há nenhuma grande novidade no vídeo, mas é uma linha de pensamento interessante sobre esta questão.

Este é apenas um dos webcasts disponíveis. Veja todos os vídeos aqui.

Plataforma de consulta online da “Loi Numérique” francesa

Algum tempo atrás falamos aqui sobre a primeira experiência do governo francês com uma consulta online sobre uma lei. Pois bem, o período de consulta sobre a “Lei Digital” (Loi Numérique) acabou no último dia 18 e o governo deve, em breve, apresentar a síntese das contribuições que recebeu.

République Numérique Projet de loi pour une République numériqueA plataforma de consulta permitia que as pessoas votassem a favor, contra ou de forma neutra em cada um dos artigos da lei. No total, o site recebeu 147.710 votos e 8.501 contribuições de 21.330 participantes. São números muito expressivos, considerando que, por exemplo, no Brasil, que tem uma população três vezes maior que a da França, o Marco Civil da Internet contou com 686 comentários na primeira fase de consulta e 1141 na segunda (dados de Bragatto, Sampaio, Nicolas, 2014).

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Ainda é possivel visualisar os gráficos das votações e os comentários deixados pelos internautas. Aliás, a navegação e a visualização dos dados é muito boa. É possível ver que em muitos pontos não há consenso entre os participantes. Agora resta esperar o relatório do governo para avaliar se a opinião dos cidadãos sera efetivamente levada em conta.

Por que armazenar tantos dados e quais as consequências disso?

No mundo online, quase tudo é mensurável. Não apenas podemos acessar dados e medir resultados de ações (ou da falta delas), como também é possivel coletar esses dados e armazená-los. Aliás, muitos modelos de negocios hoje estão baseados na venda de grandes quantidades de dados. A palestra muito interessante de Maciej Ceglowski levanta duas questões cruciais: qual o valor de ter tantos dados à disposição? quais as consequências sociais desse armazenamento indefinido de dados? Ele nitidamente fala para pessoas que fazem uso comercial desses dados, mas mesmo do ponto de vista das análises acadêmicas essas perguntas parecem bastante úteis. Passada a novidade de poder acessar e coletar esses dados, o que eles efetivamente podem nos mostrar? E o que precisamos buscar fora deles, inclusive para explicá-los?

Qual o valor democrático da participação? Comentário sobre o Vote na Web São Paulo

A participação é frequentemente reivindicada como parte essencial dos sistemas democráticos. Não basta votar, é preciso que os governos, em seus diversos niveis e nos três poderes, criem mecanismos de escuta permanente da população. Eu estou plenamente de acordo com essas demandas e acredito que muitas democracias hoje poderiam ter melhores resultados práticos e melhores taxas de aprovação se se dessem ao trabalho de compartilhar a tomada de decisão.

Ambientes como os sites de redes sociais e a Web 2.0 facilitam ainda mais essa consulta. O custo da participação se torna menor para o cidadão, que não precisa assistir a longas assembleias ou andar kilômetros para chegar a uma urna de votação (e, veja bem, isso também pode ter consequências positivas e negativas). Ainda que eu acredite que o papel dos representantes continue a ser essencial, ter mecanismos de escuta da população legitima as decisões, aumenta a sensação de eficácia das pessoas e, por vezes, efetivamente pode levar a decisões politicas mais alinhadas com as demandas sociais. Além de que expõe alguns funcionamentos do sistema político que poderiam passar despercebidos.

VOTENAWEB Projetos de Lei

O Vote na Web é um projeto ja conhecido por colocar em votação perante os internautas projetos que estão em tramitação nos legislativos. A versão de São Paulo foca em projetos que estão tramitando na Câmara Municipal da cidade. A plataforma é interessante, pode-se acompanhar todos os projetos ou fazer buscas por temas ou vereadores. Em uma rápida olhada podemos ver que projetos que parecem essenciais efetivamente podem ganhar muito apoio da população (ainda que muitas vezes sejam leis que ja existem a nível federal ou estadual).

VOTENAWEB Projetos de Lei São Paulo

Mas alguns projetos, que aos olhos de muitos podem parecer importantes, são recusados. Nestes casos, o papel do representante torna-se (ou deveria tornar-se) essencial para garantir direitos e avanços que muitas vezes não são bem aceitos socialmente. Claro que muitas vezes os representantes acabam tendo exatamente o papel inverso (vide a atual Câmara dos Deputados), mas este papel de mediação poderia ser extramente relevante.

VOTENAWEB Projetos de Lei São Paulo

Esse tipo de ferramenta também deixa escancaradamente claro que algumas preocupações dos legislativos estão bem longe dos problemas que realmente afligem a população.

VOTENAWEB Projetos de Lei São Paulo

Portanto, ainda que a participação não seja um valor em si mesma e que as consequências dela não sejam necessariamente sempre positivas, uma democracia viva e onde os cidadãos se sentem representados precisa ter mecanismos de escuta. A tecnologia por si só nada pode fazer, mas as apropriações que governos e sociedades fazem dela podem nos ajudar a avançar.

Dobra o numero de eleitores que seguem políticos nas mídias sociais

Uma pesquisa divulgada pelo Pew Research Center mostra que o número de eleitores que seguem perfis de políticos nas mídias sociais dobrou entre 2010 e 2014. Como sempre, temos que considerar que estes são dados da sociedade americana, mas que podem indicar uma tendência para outros paises.

More voters following political figures on social media, large increases among 30-49 and 50-64 year olds

É interessante ver que as taxas subiram não apenas entre os mais jovens, mas sobretudo na feixa etária entre 30 e 49 anos. Estes dados são interessantes para sustentar que a comunicação via redes sociais digitais ainda está em expansão. Ainda que as plataformas que são usadas mudem de tempos em tempos, não parece que a comunicação digital em geral deixará de ocupar um espaço importante na comunicação política em um futuro breve.

Reasons for following political figures on social media

Outro dado interessante de observar é a motivação pela qual as pessoas seguem políticos. A utopia de que “o político é gente como a gente” e que as midias digitais permitiriam um contato pessoal entre eleitos e eleitores parece estar cedendo espaço para uma razão mais pragmática: a novidade em primeira mão. As pessoas perceberam que seguindo políticos podem ter acesso a informações antes de outras fontes, inclusive das jornalísticas.

No Brasil, não conheço pesquisa exatamente neste formato, mas a Pesquisa Brasileira de Mídia tem dados interessantes e acabou de divulgar sua edição 2015.

Haddad participa de Dia sem Carro de Paris e é elogiado por brasileiros e estrangeiros

Foto: Nina Santos

Foto: Nina Santos

Por Nina Santos

O último domingo (27) foi escolhido pela prefeita de Paris, Anna Hidalgo, como o Dia sem Carro (Journée sans Voiture). Na data, a grande avenida Champs Élysées e outras ruas da cidade foram totalmente fechadas para carros e várias zonas urbanas tiveram a velocidade máxima dos carros reduzida para 20km/h. A prefeita de Paris caminhou pela Champs Élysées ao lado dos prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad, de Bruxelas, Yvan Mayeur, e de Bristol, George Ferguson.

Durante o trajeto, os prefeitos pararam para cumprimentar vários grupos que ocupavam as ruas e reivindicavam mais espaço para pedestres e ciclistas. Além disso, Haddad foi abordado por brasileiros que moram ou estavam a passeio na cidade. Todos que se aproximaram do prefeito elogiaram as inovações urbanas feitas em São Paulo. “O que Haddad está fazendo um São Paulo é uma iniciativa corajosa. Podemos ver que há reações contra, mas é um passo importantissimo para humanizar a cidade”, disse Sérgio Moraes, arquiteto e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, que está morando em Paris para fazer seu pós-doutorado.

Do lado francês, Patrick Klugman, encarregado de relações internacionais da Prefeitura de Paris, afirmou que a presença de Haddad na cidade foi enriquecedora e a troca de experiências entre Paris e São Paulo foi muito importante. “Sempre ficamos felizes quando os grandes prefeitos do mundo vêm a Paris nos mostrar suas expertises. Todo o mundo olha para o Brasil e para São Paulo, que é uma das cidades mais importantes do mundo”, declarou.

Foto: Nina Santos

Haddad contou aos jornalistas e politicos estrangeiros que São Paulo já teve a experiência de fechar a Avenida Paulista aos domingos e a medida teve 64% de aprovação da população, segundo pesquisa Ibope. “O projeto agora é fechar pelo menos uma rua em cada uma das 32 subprefeituras aos domingos”, afirmou. Além disso, ele contou estar elaborando um projeto de reestruturação dos bairros das margens do rio Tamanduateí.

Para o embaixador do Brasil na França, Paulo Campos, a presença de Haddad em Paris é “um reconhecimento da importância da cidade de São Paulo e do esforço do prefeito em rever a questão da mobilidade na cidade e em ousar na inovação de propostas. Isso tem muita relação com o que está sendo feito em Paris”.

Champs Elysées sem carro

Foto: Nina Santos