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Quem melhor me representa?

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Essa é a pergunta que o coletivo Ma Voix (Minha Voz) está fazendo aos cidadãos da cidade francesa de Strasbourg durante a campanha para eleições legislativas parciais. Pelas ruas da cidade podem ser vistos cartazes com a pergunta “Quem melhor me representa?” com um espelho logo abaixo, refletindo o rosto de quem para para observar o cartaz.

É uma forma interessante de colocar o debate político em tempos de crise de representatividade e demandas demaior participação. Estaríamos mesmo no momento de tornar a política algo comum e próximo ao cidadão – e não mais um universo de difícil acesso, um círculo restrito – a ponto de qualquer pessoa poder se considerar apta a ser candidata?

A ideia do coletivo, que faz questão de se diferenciar dos partidos tradicionais, é exatamente essa. O método usado para escolher seu candidato nas eleições foi nada mais nada menos que um sorteio. As interpretações sobre essa escolha podem ser diversas, mas uma coisa parece clara: a relação dos cidadãos com a política está mudando em vários lugares do mundo. Quem começa a buscar alternativas ao invés de apenas se apegar a estruturas que em muitos sentidos estão ultrapassadas, pode ter uma vantagem considerável.

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Quais eram as perspectivas sobre as mídias sociais nas eleições de 2012?

Hoje, em uma pequena sessão nostalgia, relembrei uma entrevista que concedi para a TVT, em 2012. O tema era o uso das mídias sociais nas vindouras eleições municipais daquele ano. Muita coisa mudou, é verdade, mas algumas questões abordadas continuam atuais. Pensando que em 2016 teremos também eleições municipais e com chance de sérias modificações nas regras do jogo (principalmente o fim do financiamento empresarial), pode ser um bom momento para relembrar o contexto daquele ano e analisar perspectivas futuras.

Projeto Neofluxo: banco de dados de informações sobre uso de internet nas eleições

Dados sobre o fluxo de informação dos presidenciáveis

O projeto NeoFluxo é desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação, Tecnologia e Cultura da Rede do Programa de Mestrado da Faculdade Cásper Líbero. Seu objetivo principal, segundo o próprio site deles, é “identificar o comportamento do fluxo informacional nas redes sociais durante o processo eleitoral”. Além de disponibilizar gráficos, nuvens de tags e outras informações sobre o uso da internet pelos três principais candidatos à presidência do Brasil, o projeto também disponibiliza APIs dos dados coletados. Pode ser um interessante insumo de pesquisa para quem pretende fazer investigações sobre o tema.

Uso do Twitter no cenário pós-eleitoral

A crítica à diminuição de participação dos políticos nas redes sociais, e especialmente no Twitter, depois das eleições tem sido tema de muitas matérias. Se, por um lado, a diminuição do número de postagens da grande maioria dos políticos é um fato, por outro, acredito que há muitos fatores envolvidos nesse cenário.

É preciso atentar para o fato de que há uma diminuição geral nos discursos sobre política e sobre eleições sepois que o pleito acontece. Isso faz parte de uma ampla dinâmica social: aproxma-se a eleição, fala-se mais sobre ela, ela passa e parte das discussões cessam. Essa variação no volume do fluxo comunicativo inclui também as redes socias. Por essa ótica, a diminuição de postagens no twitter de políticos poderia ser compreendida como parte desse processo e, portanto, não como algo anormal.

No entanto, também precisamos levar em conta o caráter de uso que foi dado às mídias sociais nesses eleições. Tratou-se de um uso experimental e muitas vezes conduzido por equipes de campanha. O uso se intensificou no momento pré-eleitoral nitidamente pela esperança que se tinha de que a atuação pudesse se reverter em votos. Passada essa necessidade, pelo menos de forma imediata, e dispensadas as equipes de campanha, a atuação nas redes entram em declínio. Isso mostra o experimentalismo do uso, mas também um grande descaso com o eleitor.

Compreendo que muitos políticos não entendam perfeitamente a dinâmica das redes sociais, o que, de certa forma, serviria para livrá-los da culpa por as abandorem (por ingenuidade, como afirmam uns e outros). Mas as redes sociais online nada mais são do que formas de contato com os cidadãos, seus possíveis eleitores, e nisso os políticos estão escolados. A prática usada para participar nas redes sociais online em período eleitoral é a mesma das visitas a bairros carentes. Você vai antes da eleição falar do seu apoio, da sua luta pela localidade e depois some. Portanto, é preciso ponderar bem em que medida são as novidades trazidas pelas redes sociais online que geram dificuldades de compreensão e em que medida há uma reprodução de práticas antigas em um novo ambiente.

TSE aponta internet como 3ª fonte de informação do eleitor

Social Network

Uma pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), realizada em novembro deste ano, apontou que a internet ultrapassou as mídias impressas e o rádio como fonte de informação sobre política e eleições. Isso coloca o meio online na terceira posição, apenas atrás da televisão e da conversa com amigos e parentes. O estudo foi feito a partir de 2000 entrevistas realizadas de forma aleatória em 136 municípios.

Esse resultado nos aponta caminhos de reflexão interessantes. Se por um lado a pesquisa não mostra dados detalhados sobre o consumo de informação dentro da internet (se em sites de notícias, redes sociais, listas de e-mail etc), por outro, o posicionamento da conversa com amigos e parentes na segunda colocação pode ser uma pista interessante. O ambiente online que mais propicia essa conversa com amigos e parentes e, sobretudo, a indicação de sites e conteúdos por eles são as redes sociais online. Portanto, acredito que podemos inferir dessa pesquisa que o grande meio de informação e formação da opinião sobre política e eleições são as redes sociais, sejam elas online ou offline.

Também é interessante observar que a pesquisa feita sobre a decisão do voto para o 2º turno coloca a internet apenas na 7ª colocação como fonte de informação. É bem verdade que as categorias oferecidas aos entrevistados são bastante diferentes da consulta geral (onde a internet ficou em 3º) o que complica a comparação de resultados, mas é um dado a ser considerado. Apesar disso, nessa pesquisa específica sobre o 2º turno, a conversa com amigos e parentes fica na 3ª colocação mostrando força que essa rede tem.

O relatório completo está disponível para download.