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Gobernauta: perfil dos governantes latino-americanos nas redes sociais

gobernauta

Acaba de ser lançado um estudo coordenado pelo Laboratório de Ideias GobAPP, do BID, sobre o uso de redes sociais por governantes da América Latina. A pesquisa, que misturou métodos quantitativos e qualitativos, analisou mais de 74.000 tweets e 15.000 postagens no Facebook feitos nos perfis pessoais de prefeitos e nas páginas institucionais de 61 prefeituras de cidades com mais de um milhão de habitantes. Também foram realizadas entrevistas com atores relevantes para a análise.

Os objetivos do estudo, chamado Gobernauta, segundo seus coordenadores, foram:
a) descrever o perfil dos governantes locais latino-americanos nas redes sociais;
b) definir o papel que estes governantes atribuem às redes sociais em suas tarefas de governo;
c) compreender a evolução dos ecossistemas digitais no contexto regional a partir da crescente incorporação das redes sociais na atividade pública.

O estudo está disponível em versão executiva e completa e traz algumas conclusões interessantes. Os temas mais comentados por prefeitos e prefeituras, por exemplo, são temas leves, sobretudo cultura. A exceção é o tema da “Segurança e Violência”, que aparece como o terceiro mais citado. Mas neste caso, apenas quatro países (Venezuela, México, Colômbia e Brasil) são responsáveis por 84% das menções. Além disso, se analisados os separadamente os temas mais citados por prefeitos, prefeituras e comentados por cidadãos, é possível perceber as muitas diferenças de prioridades que há entre eles.

Ainda que não seja possível tirar conclusões precisas sobre contextos locais com estudos como esse, ele aponta tendências e pontos de discussão que podem ser muito profícuos. Certamente a partir dele, estudos mais específicos, com um corpus menor e focado em cidades semelhantes pode trazer resultados interessantes.

Em breve: E-book “Mídias Sociais e Eleições 2010”

Já já sai do forno o e-book “Mídias Sociais e Eleições 2010” produzido pela PaperCliQ em parceria comigo e com RuanCarlos. O livro traz cerca de 20 textos sobre a relação entre o ambiente online e o período eleitoral de 2010, incluindo autores bastante conhecidos da área como Gil Castillo, Martha Gabriel e Carlos Manhanelli. Os artigos abordam desde o uso de sites de redes sociais por políticos e suas assessorias, até a própria dinâmica de cobertura desse novo tipo de campanha. Fiquem ligados, em breve mais informações!

Ebook: Para Entender as Mídias Sociais

A sugestão hoje é de um material que não é específico da área de comunicação e política, mas que é com certeza essencial a ela. Como o contato do mundo político com a internet e suas diversas possibilidades é algo razoavelmente recente, aprender um pouco mais sobre esse ambiente e seu funcionamento é um passo essencial para desenvolver ações políticas interessantes na rede. Fica então a dica doe-book “Para Entender as Mídias Sociais”, organizado pela competente Ana Brambilla, que será lançado no próximo dia 25.

O livro trará desde conceitos mais básicos até explorações mais específicas das ações em sites de redes sociais para diversas áreas. Fiquem ligados no Tumblr e Blog do livro para mais informações. Para quem se interessa pelo tema, vale lembrar também do e-book Mídias Sociais: Perspectivas, tendências e reflexões, lançado ano passado pela PaperCliQ em parceria com Danila Dourado.

Revista Animus traz dossiê de comunicação e política

A revista Animus – Revista Interamericana de Comunicação Midiática, traz, no seu número 18, um dossiê específico da área de comunicação e política. São apenas quatro artigos sobre o tema, mas eles conseguem abranger desde temas como redes sociais e ciberativismo até questões relacionadas ao cinema e ao entretenimento. A revista é uma publicação da Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Maria. Vale a pena conferir.

Projeto Neofluxo: banco de dados de informações sobre uso de internet nas eleições

Dados sobre o fluxo de informação dos presidenciáveis

O projeto NeoFluxo é desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação, Tecnologia e Cultura da Rede do Programa de Mestrado da Faculdade Cásper Líbero. Seu objetivo principal, segundo o próprio site deles, é “identificar o comportamento do fluxo informacional nas redes sociais durante o processo eleitoral”. Além de disponibilizar gráficos, nuvens de tags e outras informações sobre o uso da internet pelos três principais candidatos à presidência do Brasil, o projeto também disponibiliza APIs dos dados coletados. Pode ser um interessante insumo de pesquisa para quem pretende fazer investigações sobre o tema.

Uso do Twitter no cenário pós-eleitoral

A crítica à diminuição de participação dos políticos nas redes sociais, e especialmente no Twitter, depois das eleições tem sido tema de muitas matérias. Se, por um lado, a diminuição do número de postagens da grande maioria dos políticos é um fato, por outro, acredito que há muitos fatores envolvidos nesse cenário.

É preciso atentar para o fato de que há uma diminuição geral nos discursos sobre política e sobre eleições sepois que o pleito acontece. Isso faz parte de uma ampla dinâmica social: aproxma-se a eleição, fala-se mais sobre ela, ela passa e parte das discussões cessam. Essa variação no volume do fluxo comunicativo inclui também as redes socias. Por essa ótica, a diminuição de postagens no twitter de políticos poderia ser compreendida como parte desse processo e, portanto, não como algo anormal.

No entanto, também precisamos levar em conta o caráter de uso que foi dado às mídias sociais nesses eleições. Tratou-se de um uso experimental e muitas vezes conduzido por equipes de campanha. O uso se intensificou no momento pré-eleitoral nitidamente pela esperança que se tinha de que a atuação pudesse se reverter em votos. Passada essa necessidade, pelo menos de forma imediata, e dispensadas as equipes de campanha, a atuação nas redes entram em declínio. Isso mostra o experimentalismo do uso, mas também um grande descaso com o eleitor.

Compreendo que muitos políticos não entendam perfeitamente a dinâmica das redes sociais, o que, de certa forma, serviria para livrá-los da culpa por as abandorem (por ingenuidade, como afirmam uns e outros). Mas as redes sociais online nada mais são do que formas de contato com os cidadãos, seus possíveis eleitores, e nisso os políticos estão escolados. A prática usada para participar nas redes sociais online em período eleitoral é a mesma das visitas a bairros carentes. Você vai antes da eleição falar do seu apoio, da sua luta pela localidade e depois some. Portanto, é preciso ponderar bem em que medida são as novidades trazidas pelas redes sociais online que geram dificuldades de compreensão e em que medida há uma reprodução de práticas antigas em um novo ambiente.

TSE aponta internet como 3ª fonte de informação do eleitor

Social Network

Uma pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), realizada em novembro deste ano, apontou que a internet ultrapassou as mídias impressas e o rádio como fonte de informação sobre política e eleições. Isso coloca o meio online na terceira posição, apenas atrás da televisão e da conversa com amigos e parentes. O estudo foi feito a partir de 2000 entrevistas realizadas de forma aleatória em 136 municípios.

Esse resultado nos aponta caminhos de reflexão interessantes. Se por um lado a pesquisa não mostra dados detalhados sobre o consumo de informação dentro da internet (se em sites de notícias, redes sociais, listas de e-mail etc), por outro, o posicionamento da conversa com amigos e parentes na segunda colocação pode ser uma pista interessante. O ambiente online que mais propicia essa conversa com amigos e parentes e, sobretudo, a indicação de sites e conteúdos por eles são as redes sociais online. Portanto, acredito que podemos inferir dessa pesquisa que o grande meio de informação e formação da opinião sobre política e eleições são as redes sociais, sejam elas online ou offline.

Também é interessante observar que a pesquisa feita sobre a decisão do voto para o 2º turno coloca a internet apenas na 7ª colocação como fonte de informação. É bem verdade que as categorias oferecidas aos entrevistados são bastante diferentes da consulta geral (onde a internet ficou em 3º) o que complica a comparação de resultados, mas é um dado a ser considerado. Apesar disso, nessa pesquisa específica sobre o 2º turno, a conversa com amigos e parentes fica na 3ª colocação mostrando força que essa rede tem.

O relatório completo está disponível para download.

Projeto disponibiliza API de informações das eleições

O projeto NeoFluxo, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação, Tecnologia e Cultura da Rede do Programa de Mestrado da Cásper Líbero, coletou informações de candidatos à presidência do Brasil nestas eleições de 2010 e vai disponibilizar essas informações. A coleta foi feita a partir de palavras-chave definidas pelos pesquisadores e monitorou o Flikr, o Youtube, o Facebook, o Twitter e o site oficial dos candidatos. Acompanhem o site do projeto para ter mais informações sobre esse banco de dados com mais de 20 milhões de menções que pode render muitas pesquisas.

Debates políticos e internet

Desde o início das discussões sobre as mudanças nas regras de campanha política, pouco se falou da falta de familiaridade dos políticos com as próprias interfaces da campanha online. Essa falta de conhecimento da dinâmica da internet ficou muito clara com a proposta de que os debates na internet deveriam seguir as regras estabelecidas para televisão e rádio. Mais do que argumentar que a internet não é uma concessão pública e deve se constituir como espaço de liberdade, é preciso pensar: é possível realizar um debate na internet com as regras da televisão?

Convidar 2/3 dos candidatos, garantir tempos iguais e direitos de resposta, todas essas regras baseiam-se num modelo de comunicação mediada por corporações. Na televisão e rádio,, pelas emissoras, na internet, possivelmente, pelos grandes portais, mas quanto da internet representam os grandes portais hoje?

Digo grandes portais porque acredito que apenas eles teriam estrutura e verba para ter um estúdio, convidar candidatos, contratar mediadores e transmitir tudo isso online em tempo real. É preciso perceber que existem espaços de internet hoje muito mais propícios ao debate onde não há mediadores. Tratam-se das redes sociais. Nelas não há como convidar as pessoas porque elas já estão lá, não é preciso garantir o direito de resposta porque ele é naturalmente assegurado.

Se dois candidatos trocam tweets há um debate? E se discordam na resposta a um mesmo tópico de uma comunidade do Orkut? É necessário repensar e ampliar o próprio conceito de debate político para além do modelo da televisão e compreender as peculiaridades e potencialidades desses espaços antes que se queira agir sobre eles.