O que o cidadão pode fazer na web

Hoje encontrei uma apresentação muito interessante sobre oportunidades e ideias de iniciativas que os cidadãos podem ter no ambiente online para monitorar e acompanhar o sistema político e resolver pequenos problemas do dia-a-dia. A apresentação foi feita pensando em startups cívicas, mas acredito que ela possa ajudar os cidadãos em geral a conhecer iniciativas que já existem e refletir sobre como podem agir.

Política 2.0: como estão os vereadores de SP na web?

A Medialogue Digital divulgou na semana passada um relatório sobre a presença digital dos vereadores de São Paulo. O material contém muito material sobre uso de sites de redes sociais, site e emails de contato dos políticos. Não se propõem a fazer um ranking que destaque o que é mais ou menos importante para um político que use essas mídias, mas traz muitos dados que podem embasar futuras análises.

O conteúdo está disponível na íntegra no site da Medialogue e tem licença Creative Commons.

O que cria e sustenta uma participação ativa?

Uma pesquisa qualitativa feita na Inglaterra averiguou como e porque se dão os processos de participação. O estudo foi feito em três diferentes áreas – uma urbana, um subúrbio e uma rural – e fez entrevistas em profundidade com 101 pessoas. Metodologicamente, eles analisaram três tipos de participação: a participação social – que seria o envolvimento do indivíduo em atividades coletivas -, a participação pública – que seria o envolvimento do indivíduo com instituições da democracia – e a participação individual – que seriam as ações individuais das pessoas para construir o mundo que desejam.

O estudo durou dois anos e meio e foi financiado pelo Big Lottery Fund e conduzido pelo National Council for Voluntary Organisations (NCVO)em parceria com o Institute for Volunteering Research (IVR) e o Involve. É possível ter acesso a um relatório executivo e a um relatório completo do projeto.

Site de rede social para acadêmicos

No início, apesar de achar a ideia muito boa, não coloquei muita fé que ia dar certo, mas parece que me enganei. Semana passada recebi mais de 20 notificações da Academia.edu sobre pessoas querendo ser meus amigos ou seguindo meu trabalho. Essa rede tem objetivo de integrar a comunidade acadêmica, então é possível não apenas construir um perfil público como também adicionar publicações próprias, interesses de pesquisa palavras-chave do seu trabalho. A relação com as outras pessoas pode ser de “colegas de departamento” ou apenas de “seguir o trabalho”, o que lhe permite ver na sua timeline as ações da pessoa na rede.

Me parece uma iniciativa bastante interessante e como já tem bastante gente usando – que, afinal, é básico para o sucesso de qualquer mídia social -, acho que vale a pena testar.

Criando um Governo Mundial da Internet

O mynet.gov surge exatamente com essa proposta. A plataforma permite que as pessoas se cadastrem e se tornem cidadãos mundiais da internet de acordo com a constituição definida por eles. A partir daí as pessoas podem se candidatar ou votar em candidatos ao governo ou ao congresso. O sistema já prevê sua forma própria de aprovação de leis, bem como a proposta delas, seja através pelo governo central, pelo corpo de ministro ou pelos cidadãos (veja o vídeo explicativo). Também é possível criar fóruns de discussão no site.

Me parece uma iniciativa interessante de pensar a governança global, mas não consigo ver a legitimidade que as decisões tomadas ali poderiam ter. Me parece que falta alguma vinculação efetiva com organismos internacionais e/ou governos para que essa iniciativa tenha suas decisões levadas em conta em algum âmbito.

Pesquisa sobre confiablidade dos media

A Pew Internet acabou de divulgar outra pesquisa que me parece bastante interessante. O objetivo dela foi averiguar como se dá o consumo de mídia e qual a percepção de confiança que as pessoas tem do material que advém dos media. A pesquisa completa pode ser vista aqui.

No geral, a pesquisa mostra que a desconfiança em relação à imparcialidade das informações advindas dos meios de comunicação de massa tem crescido ao longo do tempo. Apesar disso, eles continuam sendo as principais fontes de informação das pessoas. Também ficou claro que, apesar de considerarem os meios de comunicação genericamente como não confiáveis, quando se fala especificamente da mídia consumida por determinada pessoa, essa confiança aumenta bastante.

Outro dado interessante é que, em comparação a outras instituições sociais, como governo e empresas, os meios de comunicação de massa continuam sendo mais confiáveis. Senti falta nessa comparação da inclusão de uma comparação de confiabilidade com o conteúdo gerado pelo usuário nos sites de redes sociais, por exemplo. Mais a frente, no entanto, a pesquisa aponta que, mesmo quem procura informações online quer encontrar uma informação imparcial e não com determinada tendência política.

Há dados especificamente sobre consumo de notícias na internet, mas senti falta de uma atenção maior ao conteúdo gerado pelo usuário. Gostaria de ver uma pesquisa que incluísse isso como categoria de fonte de informação e comparasse aos meios de produção industrial.

Cidadania e Redes Digitais

Acontece entre os dias 19 e 21 de outubro o Seminário Cidadania e Redes Digitais. O evento é organizado pela Universidade Metodista de São Paulo e a Universidade Federal do Grande ABC e contará com palestras de Fernanda Bruno (UFRJ), Alison Powell (London School of Economics ans Political Science), Cristiano Ferri (Câmara dos Deputados), Gabriela Coleman (New York University) , entre outros. Haverá também oficinas e uma desconferência. O evento acontece em São Bernardo e pode ser acompanhado pelo Twitter.

Como as pessoas aprendem sobre suas comunidades locais?

Uma pesquisa recém lançada da Pew Internet mostra que as formas de as pessoas aprenderem sobre seus ambientes locais se diversificaram. Segundo eles, as pessoas buscam informações em mais meios e de formas bastante diversas. Ficou constatado que o tema pelo qual se busca também influencia diretamente na escolha da fonte que se busca. Especificamente sobre “política local”, a pesquisa mostra que a televisão e os jornais impressos ainda tem um papel bastante importante, seguidos da internet.

Principais fontes de informação sobre política local

É interessante notar na pesquisa que, ao contrário do que muitas pesquisas acadêmicas ainda sugerem, não há uma dicotomia entre meios de comunicação tradicionais – como tv e rádio – e meios digitais – como jornais online, sites de redes sociais, blogs. O que a pesquisa mostra é que esses dois tipos de meios convivem na escolha diária do cidadão por fontes de informação.

Como “a internet” representa hoje coisas muito diversas, seria interessante se houvesse subcategorias para que pudéssemos entender melhor o papel das diferentes fontes de informação online. Não custa lembrar que a Pew Internet é americana e que, portanto, essa pesquisa se refere aos hábitos de consumo dos estadunidenses.

Governo Colaborativo da Singapura

e-government singapura

O e-governo de Singapura já foi bem avaliado em alguns rankings mundiais sobre esse tema – como esse das Nações Unidas e esse da WASEDA University – e agora lançou um plano de 4 anos para o desenvolvimento dessa área. O projeto vai de 2011 a 2015 e tem como linha geral “Governo Colaborativo”.

No site é possível ter acesso a mais detalhes sobre o plano e, inclusive, acessar o pdf completo do projeto. Na página do projeto eles criam três dimensões para construção desse governo colaborativo que almejam: “Co-creating for great value”, “Connecting for active participation” e “Catalysing whole-of-government transformation”. Me pareceu uma forma interessante de abordar a questão, mostrando que há investimento em pensar a questão do e-governo como algo realmente central a toda a estrutura governamental.

Aliás, toda a página específica do governo de Singapura sobre o e-governo é bem interessante. Conta com muitas informações sobre o tema, inclusive divididas por programas que possam interessar aos cidadãos, aos empresários e ao próprio governo. Me parece que não só há muita informação disponível como ela também pode ser facilmente acessada.

Fiquemos de olho em artigos sobre níveis de satisfação da população com esse e-governo e/ou níveis de participação do cidadão de Singapura no processo político para ver que resultados ele está efetivamente gerando.

Grupos no Facebook e no Slideshare para discutir Política Online


Para ampliar ainda mais as discussões sobre os temas relacionados à política online, criei dois grupos para compartilhar conteúdo. O grupo do Slideshare reúne apresentações e já conta com 29 slides de diversos autores que publicam sobre essa temática. Já o grupo do Facebook, está em fase bem inicial, mas já reúne algum material e pessoas interessadas na discussão. Segue a descrição dos grupos, para quem quiser participar:

“Grupo de compartilhamento de conteúdo sobre democracia digital, governo eletrônico, comunicação pública online, eleições e campanhas digitais e demais temas da interface entre política e ambientes digitais.”