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Sobre Nina Santos

Nina Santos é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia – UFBa e aluna da especialização em Comunicação e Política desta mesma instituição. Formada em jornalismo, tem experiência em assessoria de comunicação política, tendo trabalhado nas eleições de 2010. É pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital e Governo Eletrônico (CEADD-UFBA) com trabalhos voltados para o poder do cidadão na internet e, sobretudo, nas redes sociais online

Mídias Sociais para cientistas políticos

Encontrei uma apresentação que dá dicas de uso das mídias sociais por analistas políticos. Achei a proposta bem interessante, primeiro para desmistificar a ideia – ainda corrente em alguns ambientes acadêmicos – de que os sites de redes sociais só servem à futilidade e à devassa das vidas pessoais. E segundo, achei as dicas bem boas mesmo. Quem usa sabe que o ambiente online pode oferecer milhares de oportunidades a cientistas de todas as áreas.

Social Media for Political Scientists

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A matéria sobre a apresentação pode ser vista no blog da autora.

Petições online com muito apoio serão debatidas no parlamento

Após um número imenso de visitas no novo site de petições eletrônicas do Reino Unido, que inclusive fez a página sair do ar, a expectativa é o que acontecerá com as petições votadas ali. O líder da Casa dos Comuns, George Young, assegurou que as petições com mais de 100.000 assinaturas seriam debatidas e votadas na casa legislativa. Me parece uma preocupação e iniciativas louváveis, mas a aplicação não parece ser tão simples. Membros do Parlamento já alegam que precisariam de mais tempo para debater essas questões e que o programa legislativo deles seria extenso demais para permitir isso. Outra questão que tem vindo à toda são os temas das petições. Algumas delas contém temas bastante controversos – como a guerra do Afeganistão e as condições do sistema prisional inglês – e tem sido consideradas “out of order”. Essas são apenas algumas das questões que começam a surgir quando uma iniciativa de participação do cidadão é proposta. Se não se supõe uma passagem a um regime de democracia direta, até onde pode ir o poder do cidadão em uma democracia representativa?

Fonte consultada: guardian.co.uk

Como está a liberdade no mundo?

O Democracy Web: Comparative Studies in Freedom é um interessante estudo sobre índices de liberdade em diversos países do mundo. Para avaliar a liberdade, eles consideram dois critérios: direitos políticos e liberdades civis. Posteriormente ele  classificam a liberdade de uma nação entre 1 (muito livre) e 7 (pouco livre) o que gera 3 categorias gerais de países: livres, parcialmente livres e não livres. Os resultados da pesquisa podem ser visualizados em um mapa bastante interessante, que permite ter uma visão mais global da situação. Além disso, ao clicar em cada país é possível ver informações demográficas e links para outros relatórios, como os de liberdade de imprensa.

Ao ver o título do projeto, me ocorreu uma ressalva: não dá pra analisar democracia só a partir de liberdades. Mas pesquisando no site deu para perceber que o projeto Democracy Web parece ser algo mais amplo.

Medindo a Sociedade da Informação

Um dos grandes desafios de qualquer tipo de ação online é conseguir medir de forma coerente os resultados obtidos. No campo político, em se tratando de democracia digital, isso o processo de mensuração é crucial para determinar a efetividade da ação e os caminhos para aperfeiçoá-la. Nesse sentido, acredito que o “OECD Guide to Measuring the Information Society 2011” pode ser útil. Ele pretende dar referências àqueles que trabalham com estatísticas, políticas públicas ou são analistas dessa sociedade da informação. Não se trata de um material específico de métricas para comunicação online, mas acredito que possa ser interessante para uma discussão mais ampla sobre o tema.

Agendamento e Sites de Redes Sociais

Minha apresentação de ontem, no Conlab – Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais. Mais sobre o congresso e o artigo completo podem ser visto aquis.

Cancelado o monitoramento do governo do Chile

O novo Secretário de Governo do Chile, Andrés Chadwick, decidiu cancelar o processo de monitoramento de redes sociais que havia sido contratado pelo governo. A iniciativa tinha gerado uma serie de questionamentos sobre o uso que seria feito das informações coletadas. O primeiro relatório de monitoramento foi publicado e comentado aqui, pena que não poderemos ver o prosseguimento do trabalho.

Veja a notícia completa sobre o cancelamento do monitoramento no El Dínamo.

XI Congresso Luso Afro Brasileiro de de Ciências Sociais

Começou ontem, aqui na Universidade Federal da Bahia, o XI Conlab. O evento pretende discutir os mais diversos temas relacionados às ciências sociais e áreas afins e, por isso mesmo, é enorme, contando com 91 Grupos de Trabalho, além de algumas conferências.

Dois GTs são próximos da área de comunicação e política: o de Internet e Política e o de Mídia e Democracia. Esse dois grupos totalizam mais de 30 trabalhos na área e com certeza abrigarão discussões relevantes. Como os trabalhos ainda não estão disponíveis online, falarei mais especificamente do GT de Internet e Política, do qual faço parte, e por isso tive acesso aos trabalhos.

Serão 14 artigos apresentados entre hoje e amanhã em temas como inclusão digital, campanhas na internet, uso das TICs nas revoluções no Egito, entre outros. Além dos temas serem bastante interessantes, a qualidade dos trabalhos também me pareceu boa.

Eu apresentarei amanhã o artigo “Agendamento e sites de redes sociais: um novo lugar para o cidadão?“, onde discuto como se dá a relação dos sites de redes sociais com a formação da agenda pública e qual o lugar que o cidadão passa a ocupar nesse processo. Em breve disponibilizarei também o powerpoint da apresentação.

Primeiro relatório de monitoramento para o Governo do Chile

E vamos falar aqui de mais um caso de monitoramento para contratados por órgãos públicos. Apesar dos problemas que temos visto nos estudos realizados, o aumento nesse tipo de documento já sinaliza uma tendência crescente do uso dessa estratégia que me parece bastante interessante.

O portal chileno El Dínamo noticiou ontem que o Governo Chileno recebeu o primeiro relatório de monitoramento da BrandMetric, empresa contratada para fazer o serviço. É interessante o tom da matéria do portal, que deixa clara uma preocupação com a identificação dos usuários e com o uso que o governo fará dessas informações. Me parece uma preocupação bastante relevante em um contexto de amplas manifestações populares estarem sendo reprimidas pelo governo central. Realmente, nesses casos, a identificação de manifestantes e/ou opositores via rede sociais pode ser muito eficiente.

De toda forma, não me parece que foi o ocorrido. Aliás, me parece impossível que isso seja feito a partir do relatório que foi apresentado ao governo. Ele não tem absolutamente nenhum dado sobre os emissores das mensagens. Se a não divulgação da identidade de opositores me parece bastante coerente nesse contexto, a falta de qualquer menção a grupos principais de emissores (jornalistas? cidadãos comuns? políticos de oposição?) me parece uma falha.

Além disso, o relatório não mostra nenhuma análise de sentimento e trabalha apenas em cima do total de menções, o que também pode levar a conclusões equivocadas. A análise feita é apenas temática e de volume (comparando as citações ao governo com aquelas ao Ministério da Educação). No geral, novamente, me parece um relatório bastante pobre.

É necessário, no entanto, fazer uma ressalva pois não sabemos claramente qual o objetivo do relatório e o que foi pedido à empresa contratada. Esse documento traz um indício que, talvez, tenha sido pedido uma análise específica, a de agendamento. O relatório traz, em todas as semanas analisadas, uma comparação entre os temas prevalecentes nos media (apesar de não ser possível saber como eles definiram esses temas) e aqueles mais citados nos sites de redes sociais. Essa comparação com os media de massa pode ser bastante interessante em determinados contextos e pode apontar para uma demanda de informação específica sobre essa relação entre diversas mídias.

Senadores no Twitter: o que analisar?

Eu já tinha postado aqui sobre o debate que o Senado realizou em junho com o tema “Política e Novas Mídias”, mas agora tive acesso a um documento fruto da consultoria da empresa Bites a esse órgão. Esse foi um dos documentos apresentados na ocasião do debate, mas eu ainda não tinha visto o material em si.

Devo dizer que fiquei negativamente impressionada com o material que encontrei. O documento está disponibilizado no Issuu em um formato que só se torna legível em visualização de tela inteira e a análise apresentada me pareceu pouco convincente. O relatório começa com dados bastante elementares, como quantidade de senadores com perfis no Twitter e número de seguidores deles. Esses dados são, sem dúvida, relevantes, mas deveriam servir de subsídio a análises mais aprofundadas, pois, em si, não significam muito.

Mais pra frente o documento insinua uma comparação entre o número de seguidores e a tiragem de jornais, o que me parece algo sem muito sentido. O ato de comprar jornais envolve não apenas um gasto financeiro, mas também uma disposição do cidadão em ir à banca comprar ou fazer uma assinatura. Já o ato de seguir envolve muito menos esforço e, por isso, é não é espantoso que pessoas com certa visibilidade atinjam números realmente altos de seguidores. No entanto, essas duas dinâmicas afetam o próprio consumo das informações em ambas as plataformas, o que torna imprudente esse tipo de comparação.

Informações sobre os temas mais tratados pelos senadores na rede ou sobre as interações com os usuários – são elogios? críticas? dúvidas? – permanecem desconhecidas. E a frequência com que os senadores twittam, qual é? predominantemente em que horário? Isso pode ser considerado adequado ao propósito desses políticos na rede? Enfim, são inúmeros os dados que poderiam ser extraídos de uma categorização e análise efetivas de um material como esse, mas me parece que esse relatório não as contempla.

As conclusões finais do documento são absolutamente independentes da análise. Qualquer pessoa que trabalhe com comunicação política poderia dizê-las antes que qualquer análise fosse feita. Isso compromete a etapa final de um processo de monitoramento de marcas e conversações que deveria ser a de repensar as estratégias de comunicação a partir dos achados. Não me parece que esse documento apresente informações suficientes para que se repense esse processo.

Vale ressaltar que esse material é apenas o relatório executivo da pesquisa, acredito que a própria empresa deve ter algo mais completo, mas, de toda forma, se foi esse o material escolhido para ser divulgado, ele poderia conter informações mais substanciais.