Bruxelas: uma cidade pouco evidente e cheia de vida

Minha experiência de um final de semana na capital belga, com dicas de hospedagem, passeios, restaurantes e bares

Depois de passar alguns minutos passando várias catracas sucessivas até achar a saída do metrô De Bruckère, em Bruxelas, finalmente eu estava pertinho do meu hotel. Fazia muito frio lá fora, não dava pra duvidar nem por um instante que estávamos em pleno inverno. Mas os raios de sol e as nesgas de céu azul aqueciam a alma e davam mais vontade de explorar a cidade.

Andei um pouco arrastando minha mala de rodinha pela calçada em reforma da praça De Bruckère e em poucos passos cheguei ao NH Collection Brussel Centre, que eu tinha reservado poucas semanas antes. Logo na entrada, uma sensação boa tomou conta de mim. Primeiro, o prédio oferecia o calor que eu precisava e logo comecei a tirar os 237 acessórios de frio que carregava. Segundo e mais importante, o lobby do hotel era lindo e elegante, eu realmente tinha acertado na escolha. Que coisa boa é acertar na hospedagem durante uma viagem.

Check-in feito rapida e simpaticamente, logo estava no elevador rumo ao quarto. Ao entrar, aí sim a boa sensação estava completa. Aquelas janelas dando para a praça e pros tetos do centro de Bruxelas, aquela cama enorme e cheia de travesseiros e as guloseimas, um monte delas deixadas como um belo sinal de boas-vindas. Não pude conter um suspiro de felicidade.

 

Logo saí para explorar a cidade. As redondezas do hotel são super centrais e pode-se fazer quase tudo a pé. Uma pena que fui bem em um período de reforma, então os percursos estavam um pouco confusos, mas nada que atrapalhasse muito. Rapidamente cheguei na Place Sainte-Catherine, que, mesmo com o frio, estava super movimentada, com várias pessoas comendo em mesas exteriores as especialidades de frutos do mar que eram servidas no Mer du Nord, que fica logo em frente. Um ambiente muito simpático e animado. Pelo que entendi, os croquetes de camarão são imperdíveis. Não são super baratos (8 euros por 2 unidades para levar e um pouco mais caros se quiser sentar em algum restaurante da região), mas são deliciosos.

Há muitos restaurantes por ali e na beira do canal que fica bem ao lado (a rua que margeia o canal se chama Quai aux Briques). Os cardápios são variados, mas as especialidades mesmo são os frutos do mar da região. Não se engane pensando que o único desafio é escolher o que comer, se você gosta de cerveja, tenha certeza que vai se divertir escolhendo entre as dezenas de opções locais disponíveis quase em qualquer lugar.

O almoço delicioso e farto e o céu azul que enfim se abriu tornaram a cidade ainda mais interessante. As ruas do centro histórico, ao redor da Grande Place, guardam um charme particular. O simples fato de passear por ali, reparando nos detalhes de arquitetura é em si um passeio. Quando passar pela famosa estátua do Manneken Pis, repare na roupa dele, frequentemente ele fica fantasiado com roupas típicas de algum acontecimento do momento ou data comemorativa.

Se você curte os BDs (bande-déssiné, em francês, ou nossos queridos quadrinhos) guarde um tempo para explorar os sebos e livrarias da cidade. A Bélgica tem uma cultura muito forte de produção de quadrinhos que vai muito além dos super conhecidos Tintin e Smurfs. Esses são, aliás, elementos  muito presentes na cidade. É possível ver paredes enormes com pinturas de Tintin e pequenas estátuas dos Smurfs aqui e ali.

Bruxelas é uma cidade com muitos jovens e muitos estrangeiros. Diversas instituições internacionais e europeias têm sua sede na cidade. Essa multicuturalidade faz com que o centro fique bem animado à noite. Se você quiser se dedicar a conhecer bem as enorme diversidade de cervejas belgas em um ambiente super descontraído onde o francês será apenas uma das várias línguas faladas, vale a pena conhecer o Via Via. Se for no final de semana, provavelmente ele estará cheio, mas procurando com calma talvez você encontre uma mesa mais ao fundo. Ficar ao lado do bar também pode ser uma boa opção para interagir com os garçons e pedir aquela dica experta de por onde começar a explorar esse mundo de cervejas.

Na volta pro hotel não pude dispensar um cone de batatas fritas, uma das especialidades locais. E logo depois me rendi à maravilhosa cama do NH Collection Brussels Centre, pois tinha saído cedo de Paris e estava exausta. A viagem entre Paris e Bruxelas dura apenas 1h30 e é feito pelo trem Thalys, que é bastante confortável. Esse mesmo trem vai a Amsterdã e alguns outros destinos nos Paises Baixos e na Alemanha.

Domingo em Bruxelas é dia de feira de antiguidades na praça Jeu de Balle. Depois do super generoso e diversificado café da manhã do hotel, servido no terraço com uma vista magnífica para a cidade, parti pra explorar essa outra região da cidade. Com uma aparência menos histórica e cheia de cafés, restaurantes e lojas moderninhas, a região é super agradável para uma caminhada num domingo ensolarado.

A praça Jeu de Balle fica bem cheia, com muitas banquinhas que vendem antiguidades de todos os tipos, de câmeras fotográficas a livros, de roupas a móveis e objetos de casa. Em uma das esquinas havia um grupo que tocava um jazz rodeado de pessoas apreciando o lugar e a trilha sonora. O restaurante que fica bem na esquina, o Café la Brocante é perfeito para provar alguma des especialidades belgas, como a Carbonade Flamande (foto abaixo) e o Pain de Viande. Além, é claro, de provar algumas cervejas.

A caminhada de volta teve como ponto alto as Galeries Royales St Hubert, que são belíssimas e, em um dia de sol, têm uma luminosidade toda especial através do seu teto de vidro. Outro lugar lindo da cidade é o café Cirio, onde fui experimentar o famoso gauffre (que é o nome francês de waffle).

Aliás, descobri não só que as gauffres belgas são realmente maravilhosos, mas também que existem dois tipos diferentes. A gauffre liegeoise (originário da cidade de Liège) é oval e tem uma massa mais densa e cremosa, enquanto a gauffre bruxelloise (típico de Bruxelas) é retangular e tem a massa mais leve e crocante. Não, não tenho a menor condição de dizer qual é o melhor. Meu conselho: prove os dois e tire suas próprias conclusões.

Foi assim, cheia de sabores, paisagens urbanas e trilhas sonoras especiais minha estadia de um final de semana em Bruxelas. Uma cidade que certamente me surpreendeu pela sua animação e diversidade, mesmo em pleno inverno europeu, quando tudo tende a ficar um pouco mais parado. E Bruxelas foi apenas a porta de entrada para um mês de estadia na Bélgica, em breve publico mais textos sobre mais experiências neste país tão pequeno e tão interessante.

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