A crítica à diminuição de participação dos políticos nas redes sociais, e especialmente no Twitter, depois das eleições tem sido tema de muitas matérias. Se, por um lado, a diminuição do número de postagens da grande maioria dos políticos é um fato, por outro, acredito que há muitos fatores envolvidos nesse cenário.
É preciso atentar para o fato de que há uma diminuição geral nos discursos sobre política e sobre eleições sepois que o pleito acontece. Isso faz parte de uma ampla dinâmica social: aproxma-se a eleição, fala-se mais sobre ela, ela passa e parte das discussões cessam. Essa variação no volume do fluxo comunicativo inclui também as redes socias. Por essa ótica, a diminuição de postagens no twitter de políticos poderia ser compreendida como parte desse processo e, portanto, não como algo anormal.
No entanto, também precisamos levar em conta o caráter de uso que foi dado às mídias sociais nesses eleições. Tratou-se de um uso experimental e muitas vezes conduzido por equipes de campanha. O uso se intensificou no momento pré-eleitoral nitidamente pela esperança que se tinha de que a atuação pudesse se reverter em votos. Passada essa necessidade, pelo menos de forma imediata, e dispensadas as equipes de campanha, a atuação nas redes entram em declínio. Isso mostra o experimentalismo do uso, mas também um grande descaso com o eleitor.
Compreendo que muitos políticos não entendam perfeitamente a dinâmica das redes sociais, o que, de certa forma, serviria para livrá-los da culpa por as abandorem (por ingenuidade, como afirmam uns e outros). Mas as redes sociais online nada mais são do que formas de contato com os cidadãos, seus possíveis eleitores, e nisso os políticos estão escolados. A prática usada para participar nas redes sociais online em período eleitoral é a mesma das visitas a bairros carentes. Você vai antes da eleição falar do seu apoio, da sua luta pela localidade e depois some. Portanto, é preciso ponderar bem em que medida são as novidades trazidas pelas redes sociais online que geram dificuldades de compreensão e em que medida há uma reprodução de práticas antigas em um novo ambiente.