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Nancy Fraser: apenas o social, como alternativa ao político, não pode trazer justiça social

nancy fraser

À parte serem extremamente interessantes e inovadores, o que as mobilizações sociais atuais estão deixando como legado político e social? Seriam elas realmente capazes de enfrentar o segregacionisma e necessariamente desigual capitalismo financeiro mundial que se espraia mundo afora?

Essas são algumas das questões que a filósofa Nancy Fraser tenta problematizar em um debate muito interessante que aconteceu em maio deste ano na Maison des Sciences de l’Homme, em Paris. O tema do encontro era “Social Change, Social Movements, Social Justice, Social Progress: where are we now?” e também participaram Marc Fleurbaey e Saskia Sassen.

Em um momento em que há muitos esforços para identificar características desses movimentos, pensar no papel que as mídias sociais podem ou não ter no processo, não se pode perder de horizonte os resultados concretos que esse movimentos, muitas vezes tão fugazes, têm (ou não) na realidade.

Considero o final da fala de Fraser especialmente importante: “as long as we stay in the plan of the social, viewed as an alternative to the political, there can be no social justice, no social progress. We need some how to reframe the political in such a way restore or create for the first time democratic capacities that can solve peoples problems and master the private forces that would expropriate our forms of life.”

Veja o vídeo completo do debate:

Obras de Foucault online

Microfísica do Poder - Foucault

Foucault é sempre uma importante bibliografia para trabalhos de política,  não apenas em temas como poder e vigilância, mas também para análises mais gerais de funcionamento da sociedade. E como muitas vezes a quantidade de livros que temos que comprar é incompatível com o recurso que dispomos, fica aqui o link do slideshare onde você pode encontrar várias obras do autor, entre eles “Microfísica do Poder”, “Vigiar e Punir” e “As Palavras e as Coisas”.

De onde vem o poder?

Ouvi hoje a notícia de que os advogados de Arruda teriam garantido que, se solto, ele não voltaria ao caso. Isso foi visto como uma estratégia para garantir que Arruda não continuará obstruindo a justiça na investigação do escândalo de corrupção no Distrito Federal.

Ao saber dessa notícia, em um jornal televisivo esta manhã, um coisa me deixou perplexa. Trata-se dessa visão estreita de que é preciso ocupar um cargo político formal para ter influência e poder, tornando-se capaz de obstruir uma investigação. Há muito Foucault, com sua microfísica do poder, já mostrou que a polítca – e o poder nela envolvido – se desenvolvem não apenas no aparato político institucional. E, no caso da figura em questão, um político de destaque, recém deposto do cargo de governador, está claro que suas ligações e poder de influência, mesmo sem cargo, seriam suficientes para prejudicar o trabalho da justiça. Não se trata de uma questão de estar ou não no cargo, mas de querer ou não atrapalhar.