Senado discute Mídias Sociais

Essa semana o Senado realizou o debate “Políticas e Novas Mídias”, com participação de membros da casa e especialistas externos. Sem entrar nos pormenores da bajulação política com o presidente do Senado – que sem dúvida, desvia o foco do debate e empobrece a discussão -, gostaria de comentar um pouco sobre os discursos que ouvi.

Os membros da casa – ouvi as falas do presidente e do secretário de comunicação – me pareceram terem sim certo interesse na implantação de novas formas de comunicação no Senado, mas não me pareceram ter uma compreensão ampla do que seria esse processo. Por vezes apareceram ideias de que o foco das novas mídias seria a divulgação do trabalho dos senadores, com pouco foco na real valorização da opinião popular. Na verdade, o que ficou claro para mim uma vez mais é que essas iniciativas não vem do controle central, vem de departamentos e assessores de comunicação que conseguem convencer os dirigentes a implantar o projeto.

O que acontece é que muitas vezes a importância que é vista no projeto está mais na sua atualidade do que na possibilidade real de uma modificação no processo democrático. Isso porque, penso eu, não é possível criar um canal de comunicação efetivo com uma instituição como o Senado apenas através de ações de comunicação. São necessárias mudanças estruturais internas para abarcar esse novo cenário e dar algum sentido real a ele. E mudanças nesse sentido não pareceram estar no horizonte.

Por outro lado, os especialistas externos, muito conhecedores do ambiente online, de suas rotinas, procedimentos e ferramentas, pouco exploraram as especificidades da aplicação de uma comunicação online a uma instituição pública e representativa tão central quanto o Senado. Se, por um lado, muitas das estratégias e dos princípios do marketing online podem – e devem – ser aplicados a instituições políticas, por outro, se não se compreende profundamente qual o propósito final dessa ação, fica difícil atingir um objetivo significativo. Ou pelo menos significativo em termos de democracia.