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Senadores no Twitter: o que analisar?

Eu já tinha postado aqui sobre o debate que o Senado realizou em junho com o tema “Política e Novas Mídias”, mas agora tive acesso a um documento fruto da consultoria da empresa Bites a esse órgão. Esse foi um dos documentos apresentados na ocasião do debate, mas eu ainda não tinha visto o material em si.

Devo dizer que fiquei negativamente impressionada com o material que encontrei. O documento está disponibilizado no Issuu em um formato que só se torna legível em visualização de tela inteira e a análise apresentada me pareceu pouco convincente. O relatório começa com dados bastante elementares, como quantidade de senadores com perfis no Twitter e número de seguidores deles. Esses dados são, sem dúvida, relevantes, mas deveriam servir de subsídio a análises mais aprofundadas, pois, em si, não significam muito.

Mais pra frente o documento insinua uma comparação entre o número de seguidores e a tiragem de jornais, o que me parece algo sem muito sentido. O ato de comprar jornais envolve não apenas um gasto financeiro, mas também uma disposição do cidadão em ir à banca comprar ou fazer uma assinatura. Já o ato de seguir envolve muito menos esforço e, por isso, é não é espantoso que pessoas com certa visibilidade atinjam números realmente altos de seguidores. No entanto, essas duas dinâmicas afetam o próprio consumo das informações em ambas as plataformas, o que torna imprudente esse tipo de comparação.

Informações sobre os temas mais tratados pelos senadores na rede ou sobre as interações com os usuários – são elogios? críticas? dúvidas? – permanecem desconhecidas. E a frequência com que os senadores twittam, qual é? predominantemente em que horário? Isso pode ser considerado adequado ao propósito desses políticos na rede? Enfim, são inúmeros os dados que poderiam ser extraídos de uma categorização e análise efetivas de um material como esse, mas me parece que esse relatório não as contempla.

As conclusões finais do documento são absolutamente independentes da análise. Qualquer pessoa que trabalhe com comunicação política poderia dizê-las antes que qualquer análise fosse feita. Isso compromete a etapa final de um processo de monitoramento de marcas e conversações que deveria ser a de repensar as estratégias de comunicação a partir dos achados. Não me parece que esse documento apresente informações suficientes para que se repense esse processo.

Vale ressaltar que esse material é apenas o relatório executivo da pesquisa, acredito que a própria empresa deve ter algo mais completo, mas, de toda forma, se foi esse o material escolhido para ser divulgado, ele poderia conter informações mais substanciais.

O que é ser um consultor político?

Em tempos de eleição e no dia-a-dia político em geral o que não falta são pessoas que se entitulem consultores/assessores políticos. Mas entender a importância e o papel dessa profissão pode fazer toda a diferença tanto para os profissionais da área, quanto para os políticos que serão acompanhados por esses consultores. É nesse sentido que recomendo o texto do Rafa Laza entitulado Radiografía de la Consultoría Política. Com base no texto de uma entrevista, ele desenvolve pontos como “Definição, Tarefas e Objetivos do Consultor Político” e “Influência do Consultor Político”. Além disso, ele fala da relação consultor/político, da questão do posicionamento ideológico e faz um panorama geral do mercado de consultoria política hoje. Se você quer conhecer mais da área, vale a leitura.

Serviço personalizado de notícias políticas

serviço personalizado de noticias politicas

O site americano Politico, especializado em coberturas políticas, lança agora um novo serviço: o Politico PRO. Trata-se de um serviço pago e personalizado de subscrição de notícias. A ideia é oferecer informações detalhadas e em tempo real dsobre as políticas de energia, tecnologia e saúde. O público alvo são políticos e profissionais da área. O argumento dos donos do site é que esses profissionais precisam que alguém lhes diga o que ler em meio a tantas informações.

E-book sobre Mídias Sociais traz artigos sobre política

e-book midias socias artigos políticaA PaperCliQ, juntamente com Danila Dourado, acabou de lançar um e-book com o título “#MídiasSociais: perspectivas, tendências e reflexões“. O livro conta com uma série de temas, entre eles a relação entre mídias sociais e política. São dois artigos, um entitulado “Criação e Manutenção de perfis políticos online: uma experiência prática”, onde sistematizo minha experiência com assessoria política online, e outro de nome “Netizens e Prosumers: novas mídias, cocriação e consumerismos político”. Para os interessados, vale uma lida.

Twitter + Geolocalização

trendsmap geolocalizaçao twitter

Ontem, minha amiga @saraosantiago me apresentou o trendsmap, uma ferramenta que agrupa os tweets por cidade e permite uma visualização do que está sendo dito no seu entorno. O site mostra desde as pessoas mais populares naquela cidade, até os tópicos mais discutidos por ali, além dos links e hashtags mais usados.

Na verdade, a novidade não é a existência do site, mas a sua chegada a mais cidades, incluindo Salvador. E, como sempre, o mais interesante não é a ferramenta em si, mas os usos que podemos fazer dela. Em uma assessoria política, por exemplo, a ferramenta pode ser usada para encontrar pessoas de uma cidade específica e também para identificar os tópicos maisdiscutidos e avaliar a possibilidade de o político se manifestar sobre aquilo. Além disso, sabendo os perfis mais populares da cidade é possível traçar estratégias de relacionamento específicas para eles. Enfim, essas são apenas algumas ideias de uso para começarmos a pensar essa ferramenta.

Engajamento e Branded Content

alexandre bessa engajamento

Na área do marketing político, uma das maiores glórias que se podem conseguir é o engajamento. Conseguir fazer as pessoas participarem das campanhas e mandatos e efetivamente se interessarem em contribuir para o andamento das ações é um desafio enorme. Claro que o engajamento não começou com a internet, mas sem dúvida muitas possibilidades são criadas a partir desse novo meio. O video acima, apesar de não falar especificamente sobre política, dá uma ideia de como podemos pensar a questão do engajamento e como isso se articula com o branded content.

Monitoramento do twitter de João Henrique

Fui convidada pela PaperCliq para fazer uma parceria no monitoramento do twitter de João Henrique, prefeito de Salvador. Na verdade analisamos não apenas o perfil do próprio prefeito, que escreveu seu primeiro tweet em 27 de abril, mas também as menções ao seu perfil e ao seu nome. Foi uma boa experiência de análise de dados e a riqueza de informações que se pode extrair de um trabalho como esse aponta para a importância que o monitoramento deve ter nas rotinas de comunicação.

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Eficácia de campanhas online

A internet já é parte da vida de milhares de pessoas, isso é fato. Mas qual o real impacto disso na política? Ou melhor, qual o impacto real disso na forma de votar?

Todo político, ou pelo menos a maioria, quer ter um site, um blog, um twitter. E nenhum assessor de comunicação, espero eu, terá a audácia de dizer: “não faça porque isso não importa”. Mas qual o resultado disso? Uma relação mais próxima com o cidadão, mais transparência e participação, aumento do alcance da mensagem. Fazemos monitoramentos e mostramos tudo isso a nossos clientes e empregadores. Aumenta-se o número de visitantes, de seguidores, de comentários, de replys, mas e os votos, aumentam também?

Eu quero deixar claro aqui que não sou uma simples pragmática que acredita que o único propósito das ferramentas online é o voto, pelo contrário. Acredito que a comunicação online pode ajudar, de muitas formas, o fortalecimento da democracia. Mas encarar a questão do voto também se faz necessário.

Eu acredito que as relações contruídas a partir das redes sociais têm sim um importante papel no fortalecimento da imagem político, no sentido de pertencimento e que, portanto, se bem trabalhadas, afetam sim a quantidade de votos. Mas também precisamos relativizar essa importância.

Uma matéria publicada no Observatório da Imprensa no dia 07 deste mês [que, aliás, foi o que motivou esse post] considera que o grande astro das últimas eleições na Inglaterra foi a televisão. Notícias como essa são importantes não para descredibilizar a internet como mecanismo de conquista de votos, mas para nos ajudar a enxergar a real dimensão e complexidade de uma campanha política. Uma única ferramenta, por mais eficiente e inovadora que ela possa parecer não é capaz de dar conta da totalidade desse processo e pensar de forma unicista me parece um equívoco.

Como pensar marketing político na prática

Essa semana o Sol Políticos publicou um texto retirado do Gestiopolis que, entre outras coisas, lista 10 passos do marketing político. Não se trata de um estudo aprofundado, nem exaustivamente detalhado do processo, mas acredito que suas linhas gerais sirvam para começar a pensar uma estratégia de marketing político, tanto online quanto offline.

Para demonstrar a utilidade desse guia e fazer um pequeno exercício profissional, publicarei uma série de postagens sobre cada um dos passos indicados no texto. Vejam quais são eles:

1. Conocer el mercado, las opiniones y percepciones, los lamentos y los dolores actuales, así como las aspiraciones concretas.

2. Dividirlo en mercados-meta diferentes y conformar segmentos.

3. Conocer las fortalezas intrínsecas del candidato -que sean claramente diferenciadoras (aquí entra el análisis de competencia).

4. Detectar el momento político, por ejemplo algunos de los actuales giran sobre la seguridad, la crisis económica crónica, falta de una visión-país, ausencia de espíritu patrio y pobre autoestima nacional.

5. Elaborar propuestas de un posicionamiento central que englobe las fortalezas diferenciadoras del candidato, tome en cuenta dolores y aspiraciones del mercado y el momento político.

6. Pruebas, sondeos y experimentos para validar el posicionamiento propuesto.

7. Definición y adecuación del posicionamiento afinado a los segmentos.

8. Planeación de medios.

9. Lanzamiento de campaña.

10. Monitoreo y retroalimentación.

Pra quê Twitter?

O crescimento do Twitter como ferramenta de comunicação e informação há muito já chegou à política. Já não é pequeno o número de políticos que têm perfis no microblog, mas me parece que ainda não há uma compreensão ampla da utilidade desta ferramenta. Sinto que se criou uma aura de “todo político precisa ter twitter”, que fez com que realmente muitos deles passassem a ter, porém acredito que a maioria deles, e até mesmo de suas assessorias, não seriam capazes de enumerar 3 razões para manter esse perfil.

Para começar, o perfil de um político no Twitter serve para a função básica de divulgar informações. Assim como sites, blogs e boletins, o Twitter permite que você torne uma informação disponível. Contudo, diferente de outras ferramentas, o fato de você ter uma rede de relações tende a amplificar o alcance dessa informação.

Porém, usar o Twitter só para divulgar informações é pouco. Uma das mais interessantes perspectivas trazidas pela ferramenta foi a possibilidade de comunicação direta com o cidadão. Ouvir críticas, responder perguntas, justificar erros são parte importante do processo de estabelecimento de uma comunicação multilateral. Isso ajuda a aproximar políticos e cidadãos, o que tende a fortalecer a democracia.

Essas utilizações do twitter têm sido bastante comentadas, apesar de nem sempre utilizadas. Contudo, no meu trabalho com esse uso político do Twitter tenho percebido mais duas vertentes de uso menos alardeadas. A primeira delas é a comunicação direta com formadores de opinião, sobretudo jornalistas. Qualquer pessoa que já trabalhou em redação sabe o quanto os e-mails ficam lotados com sugestões de pautas e eu tenho usado o Twitter como uma alternativa a isso. Costumo mandar as sugestões de pauta por reply ou direct message e tenho obtido uma boa resposta.Os jornalistas parecem mais receptivos nesse ambiente a têm a possibilidade de rapidamente apurar a pauta ali mesmo.

E a outra possibilidade que acredito que seja pouco comentada é a de articulação política entre os próprios políticos. Muitas vezes eles têm atuações semelhantes, mas em lugares tão distantes que nunca tomaram conhecimento dos respectivos trabalhos. E através do Twitter é muito mais conhecer um projeto interessante que foi feito no Amapá e que pode também ser implementado em Fortaleza. Acho que precisamos pensar política menos como eleição e mais como qualificação das atuações durante os mandatos. E nesse sentido esse uso pode ser bem interessante.